G1 chega a bairro que ficou isolado pelas chuvas em Teresópolis
Campo Grande foi devastado; dezenas de casas desapareceram.
Para chegar ao local, equipe pegou carona em uma escavadeira hidráulica.
Pedras enormes deixaram dezenas de casas completamente destruídas (Foto: Luciana Bonadio / G1)O G1 chegou nesta terça-feira (18) ao bairro Campo
Grande, em Teresópolis, Região Serrana do Rio, que ficou isolado pelas
chuvas fortes que atingiram o município na última semana. Na chegada, um
cenário desolador: dezenas de casas desapareceram em uma avalanche de
pedras. Entre os moradores, histórias de perdas de familiares,
sofrimento e alívio por estar vivo. Eles têm a certeza de que há muitos
mortos que ainda não foram resgatados na áreaUma semana após a tragédia na Região Serrana, o número de mortos passa de 704Para chegar a Campo Grande, só caminhando ou a bordo de um veículo que consiga transitar na lama. A reportagem do G1 pegou carona em uma escavadeira hidráulica que subia o morro para trabalhar na retirada dos escombros.Com a passagem dessas máquinas, os veículos de resgate conseguiram
acessar a região. Antes, barreiras impediam o tráfego de qualquer
veículo. Voluntários ajudam moradores do Bairro Campo Grande foi devastado
(Foto: Luciana Bonadio / G1)
(Foto: Luciana Bonadio / G1)
O voluntário Eidi Lopes, de 40 anos, morador de Pimenteiras, também em
Teresópolis, ajudou a chegar ao bairro que ficou isolado. Ele mora no
município há 31 anos e diz não ter visto nada parecido com o que
aconteceu.
“Eu estou oferecendo meu trabalho, carregando água. O Campo Grande está
devastado”, comentou. Ele serviu de guia também para uma equipe de
televisão portuguesa que veio ao Brasil para fazer a cobertura da
tragédia na Região Serrana.Durante todo o caminho, moradores carregavam geladeiras, fogões e outros objetos que salvaram do meio das casas destruídas. O pintor Mir Ribeiro Rodrigues, de 55 anos, pendurou um edredom em um pedaço de madeira para carregar o que sobrou de seus bens. “Estou aproveitando para tirar tudo o que tenho, porque estão saqueando lá”, reclamou. Enquanto isso, o açougueiro Pedro Ribeiro Filho, de 40 anos, e a mulher enfrentavam o caminho para levar comida para a gata e o cachorro. Os dois deixaram o bairro e estão morando na casa de amigos.
Pedreiro mostra o que sobrou de sua casa
(Foto: Luciana Bonadio / G1)
Pedreiro perdeu 15 familiaresPedras imensas
rolaram para onde havia as casas, devastando tudo. O pedreiro Hércules
de Oliveira, de 30 anos, não sabe como sobreviveu – ele perdeu 14
parentes. “Você tem que perguntar para Deus, que nos deu a graça de sair
dali”, afirmou. Ele tem uma filha de sete meses e conta que só teve
tempo de segurar a criança contra o peito e correr. Da casa dele, só
sobrou um cômodo de pé. Enquanto caminhava entre os escombros com a
reportagem do G1, o pedreiro apontou para o chão e disse que ali ficava o telhado da casa da irmã dele. “O bairro acabou.”(Foto: Luciana Bonadio / G1)
Moradores improvisam para conseguir águaEm uma rua do bairro, o servente Valdelir Correia, de 42 anos, e o desempregado Amaurino Anselmo, de 64 anos, usavam uma mangueira para trazer água de uma mina. Sem abastecimento de água ou energia elétrica, eles improvisavam para conseguir se manter na região. “A gente não vai abandonar isso aqui de jeito nenhum”, afirmou Anselmo. O servente perdeu a mãe, o irmão, o tio e a sobrinha na tragédia.
No caminho de volta, um grupo de pessoas tentava resgatar um corpo localizado sob pedras e troncos de árvores. Eles retiravam o entulho com as mãos. Um caminhão dos bombeiros seguiu para ajudar no resgate desse corpo. Em outro ponto, agentes da Polícia Federal caminhavam em direção ao bairro por causa da informação sobre os saques na região.
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