PAULO MELO MENSAGENS
O
exercício do perdão
Certa
vez, perguntaram a um filósofo se Deus perdoa. Após refletir um
tanto, ele respondeu com outro questionamento: Para perdoar é necessário
sentir-se ofendido?
De pronto
o interlocutor respondeu: Sim. Se não há ofensa, como
haveria perdão? Retornou ele novamente para o
filósofo.
Esse
então, calmamente respondeu: Logo, Deus não
perdoa!
Embora a
resposta nos pareça estranha, traz em si reflexões de grande
monta.
A
primeira delas é a de que muito melhor que perdoar, é não se sentir
ofendido. E para isso, é necessário que a indulgência esteja em
nossa mente, que a benevolência esteja em nossas
ações.
Porém,
quem já não se sentiu ofendido? Ainda trazemos muitas dificuldades
na alma. O orgulho, a vaidade, a pretensão, todos reunidos na alma,
nos fazem criaturas com grande dificuldade em não se
ofender.
Às vezes,
o ofensor nem percebe que nos magoou, quando acontece de não
conseguir avaliar as nossas limitações emocionais. Outras tantas,
percebe, tenta remediar, mas o mal já está feito... A ofensa já nos
atingiu.
Assim, se
ainda nos ofendemos, devemos aprender a perdoar. Porque será o
perdão que conseguirá tirar a nódoa da ofensa dos tecidos de nossa
alma.
Se a
ofensa nos pesa no coração, atormenta a alma e perturba a mente, o
perdão nos fará leves novamente, tranquilizando a alma e sossegando
a mente.
Dessa
forma, todo esforço para perdoar deve ser levado em conta, sem
economia de nossas capacidades emocionais e
racionais.
É claro
que o perdão não se instaura imediatamente, e ainda, quanto mais
magoados e ofendidos, maior a intensidade das dores. Talvez, mais
esforço nos seja demandado.
Assim,
comecemos o exercício do perdão assumindo que a raiva, a mágoa, a
ofensa existem em nosso coração. Enquanto fingirmos que perdoamos,
apenas pelos lábios, sem passar pelo coração, nada
acontecerá.
Em
seguida, busquemos compreender a atitude do outro, daquele que nos
ofendeu. Talvez tenha sido um mau dia para ele. Ou esteja passando
por uma fase difícil. Ou ainda, talvez ele mesmo seja uma pessoa com
grandes feridas na alma. Por isso, mostra-se tão
agressivo.
Após
compreender, exercitemos pequenos passos de aproximação.
Primeiramente, suportemo-lo, enfrentando os sentimentos ruins que poderão brotar em nossa alma, nesse
primeiro instante. Mas, persistamos na convivência, por alguns
instantes que seja.
Em
seguida, demos espaço para a tolerância, ensaiando os primeiros
passos do relacionamento, mesmo que distante e ainda um tanto
frio.
Em
seguida, estreitemos um pouco mais o relacionamento, através da
cordialidade e do coleguismo.
Não
tardará para que sejamos capazes de retomar a fraternidade e
administrar o ocorrido, em nossa intimidade.
Afinal, o
perdão exige o esquecimento.
Porém, não esqueceremos o fato, aquilo que nos causou a
mágoa, já que isso se mostra quase impossível.
O
esquecimento que o perdão provoca é o da mágoa, da ofensa. Quando
pudermos olhar nos olhos daquele que nos magoou, com tranquilidade e
paz no coração, aí estará implantado em nossa alma, o
perdão.
Redação
do Momento Espírita
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